Lula aumenta a tensão com Trump e trava solução para tarifaço dos EUA contra o Brasil

Escalada política compromete negociações; setor privado teme impacto econômico duradouro e ausência de diálogo direto com Washington

As declarações públicas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentaram a tensão diplomática entre os dois países. O embate ocorre em meio à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo governo americano. As tarifas entram em vigor no dia 1º de agosto e, até o momento, não houve avanço nas tentativas do governo brasileiro de revertê-las.

Em entrevista à CNN, Lula criticou a forma como a decisão americana foi comunicada — por meio de uma carta divulgada nas redes sociais de Trump. “Não podemos deixar o presidente Trump esquecer que ele foi eleito para governar os EUA. Ele não foi eleito para ser o imperador do mundo”, afirmou. A Casa Branca respondeu por meio da porta-voz Karoline Leavitt: “O presidente certamente não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também o líder do mundo livre.”

Durante evento em Goiânia, Lula também ameaçou tributar empresas americanas de tecnologia. “Esse país só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho desse país. Eu queria dizer para vocês que a gente vai julgar e cobrar impostos das empresas americanas digitais”, declarou. O presidente brasileiro, porém, não especificou quais empresas seriam afetadas nem apresentou proposta concreta sobre como ocorreria a cobrança.

Em resposta, Leavitt acusou o Brasil de manter regulações que prejudicam empresas dos EUA. “Há anos sabemos que as regulamentações digitais do Brasil e a fraca proteção à propriedade intelectual minam as empresas de tecnologia e inovação dos EUA. Sua tolerância ao desmatamento ilegal e outras práticas ambientais coloca os produtores, fabricantes e pecuaristas americanos em desvantagem competitiva”, afirmou a porta-voz.

Segundo integrantes do Congresso ouvidos pela CNN, o governo brasileiro ainda não possui um canal direto e funcional de negociação com a Casa Branca. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem participado de reuniões com empresários dos setores afetados, mas, até agora, nenhuma alternativa à aplicação das tarifas foi apresentada. A avaliação nos bastidores é de que o ambiente político conturbado compromete as chances de uma solução diplomática de curto prazo.

Em meio ao impasse, o ex-presidente Jair Bolsonaro sinalizou disposição para negociar diretamente com Trump. “Se o Lula sinalizar para mim, eu sei que não é ele que vai dar o passaporte, eu negocio com o Trump.” Em paralelo, seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foi citado pelo Washington Post por articular com autoridades americanas a imposição de sanções ao ministro Alexandre de Moraes (STF). Na quinta-feira (17), Trump voltou a defender Bolsonaro em nova carta, na qual pediu o fim imediato de seu julgamento e criticou o governo Lula por supostos “ataques a opositores” e um “regime ridículo de censura”.

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