Parte dos servidores do GDF vai trabalhar remotamente


Maioria considera positiva experiência durante da pandemia de covid-19, segundo pesquisa da UnB.

AGÊNCIA BRASÍLIA * I EDIÇÃO: CAROLINA JARDON

O Governo do Distrito Federal (GDF) adotará definitivamente o teletrabalho. As áreas que serão incluídas nesse regime, assim como a quantidade de servidores de cada unidade que exercerão as respectivas atividades de casa, ainda estão sendo definidas.

Mesmo não tendo se preparado para isso, 92% dos servidores do GDF sem cargo de chefia aprovam a experiência do teletrabalho, segundo a pesquisa Trabalho Remoto no GDF — Enfrentamento à Pandemia Covid-19. O estudo foi feito pelo Grupo de Pesquisa E-Trabalho, da Universidade de Brasília (UnB). Participaram 7.421 servidores de 93 órgãos e entidades da administração pública local.

Com o Decreto nº 40.546, de 20 de março, passaram a trabalhar de casa servidores de secretarias de Estado, administrações regionais, empresas públicas, fundações e autarquias que não exercem atividades essenciais e com infraestrutura tecnológica e de comunicação adequada.

Eles tiveram oportunidade de responder à pesquisa, por e-mail, de 25 de abril a 31 de maio. Foram aplicados dois questionários: um para ocupantes de cargos de chefia, ao qual responderam integralmente 1.455 pessoas, e outro para os que não lideram equipes, com 5.966 respostas.

Para o GDF, foi uma oportunidade de aprofundar estudos sobre a adoção dessa modalidade de trabalho. E principalmente de estar preparado para o período pós-pandemia. “Nós estamos preocupados com o retorno, olhando para o futuro, e com a pesquisa pudemos ouvir os servidores e envolvê-los nessa discussão”, afirma o secretário de Economia, André Clemente.

No ano passado, o órgão promoveu um seminário sobre o tema, com o compartilhamento de experiências pontuais no governo e a participação da professora de Psicologia Organizacional e do Trabalho Gardênia da Silva Abbad, doutora na área e líder do grupo E-Trabalho.

O grupo estuda, há três anos, as percepções e as práticas de servidores públicos em teletrabalho em órgãos federais do Judiciário e no Ministério Público do Trabalho. Para os acadêmicos, a pesquisa no governo local foi uma oportunidade de avaliar como o contexto da pandemia — sem planejamento e de forma compulsória — afetaria essas percepções. “Sem generalizar, podemos afirmar que a experiência no GDF foi bem-sucedida, especialmente considerando que, nos dois grupos, 60% nunca tinha trabalhado nessa modalidade. Não houve perda de produtividade — pelo contrário, em alguns casos”, resume Gardênia.

Gestão da entrega

São vários os arranjos possíveis de trabalho remoto. No caso do GDF, a pesquisa mostrou que a maioria interessada em seguir nesse regime após o fim das restrições da pandemia prefere um esquema parcial, e não todos os dias. Na avaliação de 78,5% dos que não lideram equipes, mais da metade de suas atividades pode ser executada remotamente, mesmo com o fim da necessidade de isolamento.

Para se comunicar, as mensagens por WhatsApp são a forma mais utilizada, seguida do telefone e de plataformas de videoconferência. O Sistema Eletrônico de Informações, o SEI, também foi fundamental para a viabilização do trabalho a distância no governo, uma vez que permite o acesso a processos e sua tramitação pela internet.

Nenhum desses recursos, porém, atende ao maior desafio dos líderes de equipe quando se adota o trabalho remoto: a gestão da entrega. “Em uma realidade orientada para os resultados, é bastante comum identificarmos desafios relacionados à definição de metas e ao monitoramento sem ferramentas adequadas. Entre os participantes, essas preocupações também são reportadas, mas prevalecem relatos que indicam percepções positivas, como o comprometimento das equipes e a oportunidade de reorganização das atividades”, explica a líder da pesquisa, a doutoranda em Administração Juliana Legentil.

A resistência à modalidade remota é maior entre os que ocupam cargo de liderança, mas, ainda assim, no caso do GDF, 73% das chefias pretendem permitir que parte da equipe siga trabalhando dessa forma. Dos que não têm subordinados, 89% se manifestam favoráveis à manutenção do teletrabalho após a pandemia: 56% preferem trabalhar de casa de duas a três vezes por semana e 33% gostariam de cumprir as atividades exclusivamente a distância.

“Para muitos, o período mais delicado foi superado e a experiência de gestão de equipes remotas, mesmo em um cenário completamente atípico, pode ser ainda mais positiva se houver investimento em ferramentas e treinamentos”, diz Juliana.

“Já estamos testando no governo uma ferramenta que possibilita a gestão da entrega, mas sua eficiência dependerá da revisão de planos de trabalho e da modulação de metas possíveis dentro das equipes”, adianta Juliano Pasqual, secretário-executivo de Gestão Administrativa, da Secretaria de Economia. Ele diz que o processo de transformação digital do GDF, iniciado no ano passado, já evidencia que o atendimento à população pode ser feito de forma mais inteligente, com menos custos para o Estado e mais qualidade de vida para o servidor.

O sistema, além de permitir a melhor gestão administrativa do trabalho remoto, contribuirá para que o cidadão monitore resultados de forma mais precisa, afirma Pasqual. “Podemos prestar os mesmos serviços com maior eficiência. Acredito que o teletrabalho será a reforma administrativa mais profunda na administração pública local, mas será um processo gradual, em que diversos pactos terão de ser estabelecidos, conforme a particularidade de cada unidade e do trabalho por ela realizado.”

* Com informações da Secretaria de Economia

O Governo do Distrito Federal (GDF) adotará definitivamente o teletrabalho. As áreas que serão incluídas nesse regime, assim como a quantidade de servidores de cada unidade que exercerão as respectivas atividades de casa, ainda estão sendo definidas.

Mesmo não tendo se preparado para isso, 92% dos servidores do GDF sem cargo de chefia aprovam a experiência do teletrabalho, segundo a pesquisa Trabalho Remoto no GDF — Enfrentamento à Pandemia Covid-19. O estudo foi feito pelo Grupo de Pesquisa E-Trabalho, da Universidade de Brasília (UnB). Participaram 7.421 servidores de 93 órgãos e entidades da administração pública local.

Com o Decreto nº 40.546, de 20 de março, passaram a trabalhar de casa servidores de secretarias de Estado, administrações regionais, empresas públicas, fundações e autarquias que não exercem atividades essenciais e com infraestrutura tecnológica e de comunicação adequada.

Eles tiveram oportunidade de responder à pesquisa, por e-mail, de 25 de abril a 31 de maio. Foram aplicados dois questionários: um para ocupantes de cargos de chefia, ao qual responderam integralmente 1.455 pessoas, e outro para os que não lideram equipes, com 5.966 respostas.

Para o GDF, foi uma oportunidade de aprofundar estudos sobre a adoção dessa modalidade de trabalho. E principalmente de estar preparado para o período pós-pandemia. “Nós estamos preocupados com o retorno, olhando para o futuro, e com a pesquisa pudemos ouvir os servidores e envolvê-los nessa discussão”, afirma o secretário de Economia, André Clemente.

No ano passado, o órgão promoveu um seminário sobre o tema, com o compartilhamento de experiências pontuais no governo e a participação da professora de Psicologia Organizacional e do Trabalho Gardênia da Silva Abbad, doutora na área e líder do grupo E-Trabalho.

O grupo estuda, há três anos, as percepções e as práticas de servidores públicos em teletrabalho em órgãos federais do Judiciário e no Ministério Público do Trabalho. Para os acadêmicos, a pesquisa no governo local foi uma oportunidade de avaliar como o contexto da pandemia — sem planejamento e de forma compulsória — afetaria essas percepções. “Sem generalizar, podemos afirmar que a experiência no GDF foi bem-sucedida, especialmente considerando que, nos dois grupos, 60% nunca tinha trabalhado nessa modalidade. Não houve perda de produtividade — pelo contrário, em alguns casos”, resume Gardênia.

Gestão da entrega

São vários os arranjos possíveis de trabalho remoto. No caso do GDF, a pesquisa mostrou que a maioria interessada em seguir nesse regime após o fim das restrições da pandemia prefere um esquema parcial, e não todos os dias. Na avaliação de 78,5% dos que não lideram equipes, mais da metade de suas atividades pode ser executada remotamente, mesmo com o fim da necessidade de isolamento.

Para se comunicar, as mensagens por WhatsApp são a forma mais utilizada, seguida do telefone e de plataformas de videoconferência. O Sistema Eletrônico de Informações, o SEI, também foi fundamental para a viabilização do trabalho a distância no governo, uma vez que permite o acesso a processos e sua tramitação pela internet.

Nenhum desses recursos, porém, atende ao maior desafio dos líderes de equipe quando se adota o trabalho remoto: a gestão da entrega. “Em uma realidade orientada para os resultados, é bastante comum identificarmos desafios relacionados à definição de metas e ao monitoramento sem ferramentas adequadas. Entre os participantes, essas preocupações também são reportadas, mas prevalecem relatos que indicam percepções positivas, como o comprometimento das equipes e a oportunidade de reorganização das atividades”, explica a líder da pesquisa, a doutoranda em Administração Juliana Legentil.

A resistência à modalidade remota é maior entre os que ocupam cargo de liderança, mas, ainda assim, no caso do GDF, 73% das chefias pretendem permitir que parte da equipe siga trabalhando dessa forma. Dos que não têm subordinados, 89% se manifestam favoráveis à manutenção do teletrabalho após a pandemia: 56% preferem trabalhar de casa de duas a três vezes por semana e 33% gostariam de cumprir as atividades exclusivamente a distância.

“Para muitos, o período mais delicado foi superado e a experiência de gestão de equipes remotas, mesmo em um cenário completamente atípico, pode ser ainda mais positiva se houver investimento em ferramentas e treinamentos”, diz Juliana.

“Já estamos testando no governo uma ferramenta que possibilita a gestão da entrega, mas sua eficiência dependerá da revisão de planos de trabalho e da modulação de metas possíveis dentro das equipes”, adianta Juliano Pasqual, secretário-executivo de Gestão Administrativa, da Secretaria de Economia. Ele diz que o processo de transformação digital do GDF, iniciado no ano passado, já evidencia que o atendimento à população pode ser feito de forma mais inteligente, com menos custos para o Estado e mais qualidade de vida para o servidor.

O sistema, além de permitir a melhor gestão administrativa do trabalho remoto, contribuirá para que o cidadão monitore resultados de forma mais precisa, afirma Pasqual. “Podemos prestar os mesmos serviços com maior eficiência. Acredito que o teletrabalho será a reforma administrativa mais profunda na administração pública local, mas será um processo gradual, em que diversos pactos terão de ser estabelecidos, conforme a particularidade de cada unidade e do trabalho por ela realizado.”

* Com informações da Secretaria de Economia

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