Este ano realmente não está sendo para os fracos de coração. Começamos janeiro com os incêndios na Austrália, seguidos pelo avanço da pandemia do coronavírus, o aparecimento de vespas assassinas e agora uma nuvem de gafanhotos avançando da Argentina para o Brasil.
Fonte: Megacurioso
Essa última situação deve ter lembrado muitas pessoas sobre as 10 pragas bíblicas; mas calma, nós não estamos amaldiçoados, e provavelmente os habitantes do Egito Antigo também não estavam.
Pesquisas realizadas em diversos campos nos últimos anos podem fornecer explicações científicas para esses eventos trágicos retratados na Bíblia, além de nos ajudarem a compreender a importância da preservação do meio ambiente.
1. Águas do rio Nilo tingidas de sangue
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
A Bíblia diz que, com a primeira praga, toda a água do Egito foi transformada em sangue, matando todos os peixes.
O rio Nilo era de importância vital para a sobrevivência egípcia, pois fornece água em um ambiente árido e permite que as terras próximas sejam cultivadas.
Stephan Pflugmacher, biólogo e professor da Universidade Técnica de Berlim, explicou que a maldição das águas transformadas em “sangue” foi causada por muitos fatores, como aquecimento climático, seca, aumento da temperatura e proliferação de algas e suas toxinas.
“Os egípcios estavam absolutamente corretos ao perceberem que a água não podia ser utilizada. No entanto, hoje sabemos que ela não era sangue, e sim o efeito de algas microscópicas e cianobactérias. Esses microrganismos se desenvolvem de forma massiva quando a água é rica em nutrientes e a deixam vermelha”, afirmou o biólogo.
Outra hipótese, levantada pelo documentário The Exodus Decoded (Êxodo Decodificado), explica que a erupção do vulcão Thera — em uma ilha grega a 700 quilômetros do Egito — pode ter causado terremotos que transformaram o rio.
Isso porque o Nilo possui uma grande concentração de ferro dissolvido; essa substância, ao ser misturada com o gás liberado pelos tremores, teria criado uma ferrugem de tonalidade avermelhada que também tornava a água imprópria para o consumo, além de matar todos os peixes.
2. Rãs cobrem a terra
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Segundo retratado na Bíblia, o Faraó não liberta os hebreus mesmo após a primeira praga, então uma nova punição é enviada na forma de rãs que começam a sair de todos os lugares.
Já Colin Humphreys, físico britânico da Universidade de Cambridge, explica em seu livro Os Milagres do Êxodo que o aparecimento dos anfíbios tem uma ligação direta com o que ocorreu com o Nilo. Afinal, com a falta de oxigênio na água, os animais precisaram fugir da margem do rio e migraram para a terra.
3. Piolhos atormentando homens e animais
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Como se um ataque de rãs já não fosse o bastante, a terceira praga incluía uma infestação de piolhos.
Bem, lembram-se da seca que pode ter servido com uma das causas do rio de sangue? Acontece que aparentemente ela também é o clima ideal para a proliferação desse parasita insuportável.
Além disso, piolhos eram muito comuns no Egito Antigo, tanto que muitas pessoas optavam por raspar a cabeça para evitá-los. E se considerarmos que a água contaminada também prejudicava hábitos de higiene, essa infestação faz todo o sentido.
4. Moscas escurecem o ar
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
A quarta praga foi muito semelhante às duas anteriores, assolando o povo egípcio com uma nuvem de moscas.
Humphreys explica em seu livro que o surgimento excessivo desses insetos se deve à morte dos sapos que perderam seu habitat natural e são os predadores naturais das moscas. Outra teoria defendida por cientistas afirma que a falta de higiene e a morte de animais no ecossistema do Nilo em virtude da escassez de água limpa podem ter sido responsáveis por atrair esses insetos.
5. Morte dos animais
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
De acordo com a Bíblia, o Faraó acaba concordando em libertar os hebreus depois das moscas; porém, ao perceber que a praga havia sido retirada, volta atrás em sua decisão. Sendo assim, Moisés estende sua mão sobre o Egito e envia uma quinta maldição, que mata os animais.
6. Pústulas
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Como o Faraó ainda se recusava a libertar seu povo, o Senhor ordenou que Moisés e seu irmão Arão enchessem as mãos de cinzas e as jogassem aos céus. Essas cinzas se transformaram em úlceras e chagas, afetando a população do Egito e seus animais.
Werner Kloas, biólogo do Instituto Leibniz na Alemanha, acredita que as feridas tenham surgido pelo avanço descontrolado de piolhos e moscas, que atacaram não somente os animais, mas também os egípcios.
Porém, o documentário The Exodus Decoded apresenta uma teoria diferente, que explica que a erupção vulcânica liberou grandes quantidades dióxido de carbono, o que teria gerado bolhas nos habitantes — as quais acabaram se tornando feridas.
7. Chuva de pedras destruindo plantações
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Aparentemente, um rio de sangue, rãs, moscas, piolhos, animais morrendo e feridas ainda não eram o bastante para mudar a opinião do Faraó. Então, o Senhor ordenou que Moisés estendesse seu cajado por toda a área que não fosse habitada pelos hebreus, causando uma chuva de pedras que destruíram as plantações.
Do ponto de vista científico, tempestades de granizos são raras em regiões áridas, mas ainda podem ocorrer. E a física Nadine von Blohm, do Instituto de Física Atmosférica da Alemanha, acredita que também pode ser sido uma chuva de pedras vulcânicas causada pela erupção do Thera.
Segundo Blohm, nuvens de cinzas podem percorrer grandes distâncias e, ao se misturarem com o vapor de água, podem ter criado algo semelhante ao granizo, dando a impressão de uma chuva que mistura água, pedras e fogo.
8. Nuvem de gafanhotos
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Pois o Faraó continuou resistindo e, dessa vez, o Senhor mandou uma nuvem de gafanhotos para devorar as plantações egípcias (pelo menos aquelas que sobraram depois da chuva de pedras).
O livro Os Milagres do Êxodo explica que esses insetos invadiram o Egito porque as alterações climáticas — seja a chuva de granizo ou erupção vulcânica — causaram alterações comportamentais que os levaram a se agruparem em grandes nuvens.
Outra possível explicação é que o tempo frio e o solo úmido da sétima praga teriam criado um cenário ideal para o aumento dos ovos dos gafanhotos; e, quando eles eclodiram, surgiu a oitava maldição.
9. Escuridão por 3 dias
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O Faraó mais uma vez considerou libertar os hebreus após os gafanhotos, mas isso só durou até os insetos sumirem; depois, a nona praga envolveu o céu em trevas por 3 dias.
Segundo os cientistas, uma tempestade de areia muito comum até hoje, chamada khamsin, pode ter sido a responsável por isso. Já a teoria da erupção vulcânica explica que as cinzas do imenso vulcão podem ter coberto o sol, e que o pó vulcânico liberado contribuiria para passar a sensação de “escuridão palpável”.
10. Morte dos primogênitos
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Finalmente chegamos à última praga, que tomou a vida de todos os primogênitos, inclusive o filho do próprio Faraó. De acordo com a Bíblia, somente os filhos de famílias que passaram sangue de cordeiro nos batentes das portas foram poupados. As mortes causaram uma grande comoção entre os egípcios, e no fim o Faraó permitiu que os hebreus partissem.
O motivo científico para esse fato pode ter um aspecto cultural: os filhos mais velhos tinham o privilégio de se alimentarem primeiro quando a comida era escassa, então podem ter consumido alimentos contaminados com as fezes dos gafanhotos. Isso pode então ter causado uma intoxicação que levou ao falecimento durante o sono.
Ainda considerando esse fator cultural, a teoria vulcânica explica que eles morreram por causa da quantidade de dióxido de carbono liberada no ar, visto que é altamente tóxico para os humanos. Somente os filhos mais velhos podiam dormir em camas, enquanto seus irmãos tinham que se virar com carroças e telhados. Sendo assim, por estarem mais próximos do chão, os primogênitos inalaram o gás tóxico que se desloca perto do solo e morreram intoxicados.
Reprodução: BSB TIMES