Quando você estiver lendo este artigo, provavelmente o rover Perseverance, considerado o robô mais sofisticado já enviado ao espaço, já estará na superfície do planeta Marte, com descida prevista para esta quinta-feira (18), após uma longa jornada de quase 480 milhões de quilômetros que teve início em julho do ano passado.
A missão do Perseverance irá pesquisar, além de informações sobre o clima e a geologia marciana, uma questão inquietante para toda a humanidade: existe, ou pelo menos existiu, algum sinal concreto de vida em Marte?
O local de desembarque do rover, a chamada cratera de Jezero é uma área extensa onde os cientistas supõem ter existido um grande lago, alimentado por um rio, há cerca de 3,5 bilhões de anos. O rio marciano desaguava em um delta onde depositava seus sedimentos.
A cratera de Jezero
A região foi escolhida a dedo pelos cientistas da NASA através de um processo que envolveu a análise de outros 60 pontos do planeta. A escolha da cratera não foi por acaso. Foram levadas em conta algumas características geológicas que “contam uma história da natureza intermitente do passado úmido de Marte”, escreveu a agência espacial em um comunicado.
Embora o antigo rio já tenha secado há muitos séculos, o indício de sua existência foi reconhecido pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, lançada em 2005, que apontou ocorrências de argila, só possíveis de formação na presença de água líquida, como ocorre com os leitos secos de rios terrestres.
No mesmo comunicado à imprensa, o cientista-assistente da missão Mars 2020 Perseverance, Ken Williford, explicou que os melhores lugares para buscar bioassinaturas sejam o leito da Jezero ou em sedimentos costeiros que podem revelar minerais carbonáticos, reconhecidamente bons na preservação de vida fossilizada.
As investigações do SHERLOC
Para analisar esses materiais, que muitas vezes serão extraídos de perfurações do núcleo rochoso do planeta, o Perseverance levará alguns equipamentos inovadores, como o “Scanning Habitable Environments with Raman and Luminescence for Organics and Chemicals”, o SHERLOC, primeiro instrumento a utilizar, no planeta vermelho, a espectroscopia Raman e fluorescência utilizadas em análises químicas.
Uma das estruturas rochosas que o SHERLOC pretende investigar é o chamado estrematólito, formado por antigas camadas de bactérias e sedimentos que se acumulam ao longo do tempo,