Desabamento em Miami: imprensa americana diz que criança brasileira está entre desaparecidos; autoridades não confirmam

Veículos de imprensa americanos incluem uma criança brasileira na lista de desaparecidos após o desabamento de um prédio no condado de Miami Dade, na Flórida. Lorenzo Leone, de 5 anos, estaria na unidade 512 das Chaplain Towers junto com seu pai, Alfredo Leone, quando, em torno da 1h30 da madrugada do dia 24/06, no horário local, o edifício veio abaixo. A informação foi publicada pelos jornais The New York Times e Miami Herald, além da rede de notícias CBS News. Lorenzo é filho da brasileira Raquel Oliveira.

A BBC News Brasil entrou em contato com a prefeitura do Condado de Miami Dade e com a equipe de resgate, mas ambos disseram que não poderiam confirmar a informação. Oficialmente, há 159 pessoas desaparecidas no incidente, mas as autoridades não divulgam a lista de pessoas procuradas.

Já o Consulado brasileiro na Flórida informou à BBC News Brasil que nenhum brasileiro os procurou para pedir ajuda e que, em casos como esses, é esperado que a nacionalidade das vítimas não seja confirmada até o fim do trabalho de buscas nos escombros.

Nesta sexta, 25, Raquel Oliveira postou em seu perfil nas redes sociais que “as buscas não param e vão continuar por dias. Essa noite deixei meu DNA para compararem com os das crianças não identificadas, conforme forem achando”. A BBC News Brasil entrou em contato com familiares de Raquel e Lorenzo, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Ainda em suas mensagens no Facebook, Raquel afirma que, no dia anterior à tragédia, havia viajado para visitar a mãe e a irmã no estado americano do Colorado. Lorenzo teria ficado em Miami com Alfredo. “Toda minha vida estava naquele apartamento”, escreveu ela após a tragédia.

Ela afirmou estar concentrada em receber notícias de Alfredo e Lorenzo nesse momento, “por pior que elas sejam”. As equipes de salvamento atualizam informações para os familiares a cada 4 horas. Até agora, há quatro mortos e o processo de buscas é lento e delicado. Há risco de novos desabamentos, de intoxicação por gás, além de alguns focos de incêndio eventuais.

À medida que as equipes de resgate avançam com as buscas, autoridades e especialistas começaram a ponderar as possíveis causas do desastre em um condado onde os padrões de construção estão entre os mais rígidos dos EUA em razão de furacões.

Segundo o prefeito disse à imprensa local, a queda do prédio “era menos provável do que um raio”.

Ainda não está claro no momento o que poderia estar por trás do desmoronamento, mas há hipóteses sob investigação, como eventuais problemas na fundação do prédio e movimentações no solo.

Veja abaixo o que se sabe até o momento.

Torres Champlain antes do colapso

CRÉDITO,GOOGLE STREET VIEW

Legenda da foto,Torres Champlain antes do colapso nesta madrugada em Miami, nos Estados Unidos

O edifício

As Chaplain Towers formam um condomínio de 12 andares e 100 apartamentos à beira-mar ao norte de Miami Beach.

Segundo levantamento da BBC News Mundo em sites imobiliários da cidade, os apartamentos tinham valor de mercado entre US$ 600 mil a US$ 700 mil (de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões). Mas havia um apartamento no último andar com três quartos e piso de mármore que estava à venda em maio por quase US$ 3 milhões (cerca de R$ 15 milhões).

Informações veiculadas pela mídia local apontam que entre os moradores havia artistas, familiares de políticos, médicos renomados e membros da comunidade judaica da Flórida.

A apresentadora de TV Joana Treptow, da Band, afirmou que o pai dela morava há quase 20 anos no prédio e foi resgatado, junto com a esposa: “graças a Deus a minha família foi resgatada. o meu pai, a esposa dele e a cachorra estão bem. um milagre”. Bruno Treptow descreveu que dos oito apartamentos que havia em seu corredor, sete desabaram. “O prédio deixou de existir a dois passos da minha porta”, afirmou Treptov

Residentes e parentes de moradores do complexo de prédios

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,Operação de resgate busca sobreviventes nos escombros de um edifício residencial de 12 andares que desabou parcialmente em Miami-Dade

Outras pistas

As autoridades locais informaram que o prédio estava passando por manutenção no telhado, mas não apontaram a eventual relação entre essas obras e o desabamento.

Elas aventaram a possibilidade de uma cratera embaixo do edifício ou algum problema na fundação.

Um corretor de imóveis que vende propriedades no prédio disse ao jornal Miami Herald que o complexo Chaplain Towers estava “em boas condições” e que “os reparos estavam apenas começando” para a nova certificação.

Segundo o jornal, a associação de moradores contratou recentemente um engenheiro para fazer as mudanças estruturais e no sistema elétrico necessárias para obter a nova licença, mas as obras ainda estavam por começar.

Peter Dyga, presidente e CEO da Associação de Construtores e Empreiteiros da Costa Leste da Flórida, disse à afiliada local da emissora CBS que provavelmente há uma conjunção de “múltiplos fatores” por trás do que aconteceu e que levará anos para determinar o que ocorrido.

“Provavelmente haverá várias coisas que contribuíram. Isso simplesmente não acontece sem a simultaneidade de várias coisas que se juntam para tornar isso uma tragédia. Sabe-se lá o que serão essas coisas”, afirmou.

E acrescentou: “Como disse o prefeito, não sabemos se existe uma cratera ou movimentação no solo, por exemplo”.

Arquitetos entrevistados pela emissora CNN disseram que estavam ocorrendo obras de construção na área que também podem ter afetado o solo.

Como tradicionalmente acontece no fim da primavera e início do verão, fortes chuvas foram registradas na área de Miami-Dade e as autoridades alertaram que muitas áreas do solo estão saturadas de água.

A costa da Flórida, com terreno poroso e permeável, está entre as mais afetadas no país pelas mudanças climáticas. Ali, há áreas que são frequentemente inundadas pela elevação do mar.

Mariana Sanches, BBC News

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