Fonte: CLDF
Na tarde de quinta-feira (30), a Frente Parlamentar em Defesa da Vida no Contexto da Pandemia da Covid-19 da Câmara Legislativa do Distrito Federal se reuniu com o subsecretário de Vigilância Sanitária do Governo do Distrito Federal (GDF), Dr. Eduardo Hage Camargo, para discutir e sanar dúvidas sobre a eficácia das medidas adotadas pelo GDF. Além de monitorar os resultados, a frente, recentemente protocolada pela deputada Arlete Sampaio (PT), atua em defesa do isolamento social, conforme orientado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No início da reunião, os deputados presentes, Sampaio, Fábio Felix (PSOL), Leandro Grass (Rede) e Delmasso (Republicanos), fizeram uma série de perguntas ao subsecretário sobre a progressão atual da infecção e quais são os planos do governo no futuro próximo. Sampaio indagou sobre a classificação do DF em relação às fases de contaminação da doença no Brasil e Hage fez um apanhado da situação atual. Segundo ele, ainda não houve um aumento na velocidade do crescimento do número de infectados, que é de cerca de 2,5% a 4% de novos casos a cada dia, o que atesta a efetividade da quarentena. O subscretário também lembrou que o DF representa menos de 2% do número total de contaminados do País e que a taxa de letalidade local varia de, aproximadamente, 2% a 4%, o que é menor que a média nacional.
Sobre a ocupação de leitos de enfermaria e de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), Hage explicou que, no momento, a taxa de ocupação está entre 20% e 30% e que a quantidade de leitos de UTI aumentou de 102 na semana passada para uma previsão de 172 nesta semana. A baixa ocupação de vagas nas unidades também é resultado do isolamento, uma vez que, de acordo com o subsecretário, o ponto mais alto da curva de contaminação tem sido adiado e diminuído, assim como a esperada demanda por leitos de UTI. Contudo assegurou que a rede de saúde do DF terá capacidade de absorver esses casos de acordo com previsões atuais. Sobre uma possível subnotificação de casos gerada pela testagem apenas em quem apresentar sintomas por uma semana, o subsecretário defendeu a abordagem e explicou que se feito muito cedo o teste pode apontar um falso resultado negativo, uma vez que existe um intervalo de tempo em que a doença não pode ser detectada.
Outra preocupação levantada pelos parlamentares é a alta incidência de COVID-19 no Complexo Penitenciário da Papuda. De acordo com a Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe), há atualmente 234 infectados entre agentes penitenciários e pessoas privadas de liberdade. O subsecretário afirmou que o estado do complexo é preocupante e o classificou como um “surto dentro de uma epidemia” por se tratar de um alto número de infectados em um local com espaço restrito e sem possibilidade de isolamento. Hage declarou que, para remediar a situação, a direção do presídio tem feito o possível para manejar os casos e que o setor de saúde tem feito ações, como higienizações periódicas, para diminuir a progressão da infecção e que os casos mais graves têm sido atendidos em unidades hospitalares externas, além da construção de um hospital de campanha, ainda sem data de entrega da obra.
Logo após, foi lembrado que o governador Ibaneis Rocha decretou isolamento social nos estágios iniciais da epidemia e desde então tem sofrido pressão, sobretudo pela área comercial, para flexibilizá-lo, com a justificativa de que uma quarentena prolongada prejudicaria muito a economia local. Quando perguntado sobre essa possibilidade, o subsecretário afirmou que esteve presente, hoje mais cedo, em reunião com Rocha e que quaisquer mudanças nas medidas de isolamento ainda estão sendo minuciosamente analisadas sem uma previsão concreta de quando serão impostas.
O subsecretário afirmou que a abertura será feita de forma gradativa começando com o comércio varejista e que a última atividade a ser liberada será a educacional, que mobiliza cerca de 1 milhão de pessoas, entre alunos, professores e outros profissionais. Também afirmou que o uso de máscaras em locais públicos será obrigatório, mas que houve a suspensão da multa para quem não o fizer, uma vez que o GDF ainda não fez a compra de máscaras para distribuir à população carente como havia planejado anteriormente. A previsão é de que multas sejam aplicada apenas em casos de reincidência ou de recusa ao uso da peça de proteção.
O governo estima que o pico da contaminação ocorra em 24 de julho com 53 mil casos no total, mas essa previsão muda de acordo com estudos semanais. Para finalizar a reunião, Hage afirmou acreditar que a futura flexibilização do isolamento pode não, necessariamente, apresentar perigo. “Uma redução da porcentagem do fechamento de 55% para 52% não representa um aumento de 3% de pessoas desprotegidas, mas sim de profissionais em seus locais de trabalho com todas as condições de saúde asseguradas. Não existe um estudo sobre os efeitos acarretados, então não é possível saber os resultados, porém a expectativa é de que sejam efeitos positivos na manutenção do achatamento da curva”, esclareceu.