Lula, o verde-amarelo e o fantasma de Collor

Por Tiago Lucero,

As ideias aqui reproduzidas não representam necessariamente o posicionamento do BSB Times, sendo de responsabilidade exclusiva do autor.

Às vésperas de um 7 de setembro que promete ser o mais tenso das últimas quatro décadas, Lula resolveu vestir a fantasia que tanto atacou: o ufanismo barato. O mesmo presidente que, por anos, acusou a direita bolsonarista de sequestrar símbolos nacionais agora convoca a população a usar a camisa da Seleção Brasileira. O verde e amarelo que, até ontem, era taxado de “uniforme golpista”, agora vira traje cívico obrigatório.

Só que o cenário é outro: o país está dividido ao meio, seus planos políticos naufragam em crises jurídicas e geopolíticas, e a legitimidade de seu governo já não se sustenta apenas na retórica ou no amparo generoso da mídia chapa-branca. O desgaste é visível, mesmo que a imprensa prefira fingir que não.

E a cena evoca lembranças incômodas. Em 1992, outro presidente, Collor de Mello, pressionado por denúncias de corrupção, apelou ao mesmo expediente: pediu que o povo fosse às ruas de verde e amarelo em sua defesa. O resultado? O Brasil saiu de preto. Pouco depois, Collor foi despejado do Planalto pelo impeachment.

Se a história gosta de repetir suas ironias, não seria surpresa que o apelo lulista ao verde-amarelo acabe produzindo justamente o oposto: um 7 de setembro marcado não pela festa, mas pelo luto simbólico de uma sociedade cansada. Claro, o desfile na Praça dos Três Poderes estará controlado, policiado, embalado pelo figurino oficial do poder. Mas fora dali, a resposta pode vir em outras cores.

Collor confiou na claque e recebeu o silêncio ensurdecedor das ruas. Lula confia na mortadela de sempre. Resta saber se, quando a massa não atender ao chamado, o presidente também ouvirá o sussurro da História: os dias de populismos travestidos de patriotismo sempre acabam da mesma forma.

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