Parlamentares afirmam que adesão política pode bater recorde; acusações incluem abusos em decisões judiciais.
Senadores e deputados da oposição estão organizando um “superpedido” de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo os parlamentares, pela primeira vez, há uma chance real de que o magistrado seja afastado de seu cargo.
A oposição fundamenta o pedido em diversos fatores, entre eles a recente soltura de Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para os oposicionistas, a decisão de Moraes de libertar Martins, após a Procuradoria-Geral da República argumentar a falta de provas de que ele havia deixado o país, seria uma “confissão de culpa” do magistrado.
Outras ações de Moraes também são alvo de críticas, como os supostos abusos em decisões que envolveram a morte de Cleriston Pereira da Cunha, a prisão prolongada de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e do ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques. Torres permaneceu preso por 117 dias, enquanto Vasques ficou detido por 364 dias.
O pedido de impeachment ainda abordará o caso do ex-deputado Daniel Silveira, condenado a quase nove anos de prisão por ameaçar o Estado Democrático de Direito e coagir durante o processo judicial. Apesar de já cumprir os requisitos para progredir ao regime semiaberto, Moraes tem negado repetidamente essas solicitações, o que é apontado pela defesa de Silveira como um abuso.
Além dessas acusações, uma reportagem da Folha de S.Paulo será incluída no documento, que acusa Moraes de ter ordenado, de maneira extraoficial, a produção de relatórios do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para embasar suas decisões contra apoiadores do ex-presidente Bolsonaro.
A coleta de assinaturas para o pedido de impeachment começa nesta quarta-feira (14), e a oposição planeja protocolar o documento no Senado no dia 9 de setembro. Nesse período, os parlamentares pretendem intensificar a campanha e buscar apoio de juristas para reforçar o movimento.