Temor de recessão nos EUA e aumento de juros no Japão geram turbulências no mercado financeiro mundial
Nesta segunda-feira (5/8), os mercados globais enfrentaram uma manhã de aversão ao risco, com o dólar disparando e as bolsas despencando. No Brasil, o dólar foi cotado a R$ 5,86 na abertura do mercado, uma elevação de 2,4%. Às 11h30, a moeda estava em R$ 5,80. Simultaneamente, a Bolsa de Valores brasileira (B3) registrava uma forte queda de 1,14%, atingindo 124.422 pontos.
A situação foi igualmente dramática em outros mercados ao redor do mundo. Em Tóquio, a Bolsa caiu 12,4%, marcando o maior tombo desde 1987. Na Coreia do Sul, a baixa foi de 8,8%. Os ativos de renda variável, como ações de empresas, foram fortemente afetados pelo cenário atual.
Segundo a Ativa Investimentos, apesar da magnitude da reversão, faltam gatilhos claros que justifiquem tamanha queda nos fundamentos econômicos globais. Contudo, alguns fatores ajudam a explicar esta “segunda sinistra”. O primeiro é a perspectiva de recessão na economia americana, impulsionada pela divulgação de um relatório sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos na última sexta-feira (2/8). O desemprego no país subiu de 4,1% em junho para 4,3% em julho, o maior patamar desde outubro de 2021, e o crescimento dos salários ficou abaixo das expectativas.
Diante desse cenário, o banco Goldman Sachs aumentou de 15% para 25% as chances de recessão nos EUA, enquanto o JPMorgan estima essa possibilidade em 50%. Além disso, o recente aumento de juros na economia japonesa tornou-se um vetor adicional de pressão sobre os ativos globais. Na quarta-feira (31/7), o Banco do Japão (BoJ) aumentou a taxa de juros para 0,25%, ante a faixa de 0% a 0,1% estabelecida em março, e reduziu as compras de títulos do governo.
Esses fatores negativos na Ásia e nos EUA impactaram diretamente o dólar. Em momentos de aversão ao risco, a moeda americana se torna um porto seguro, atraindo investidores e elevando sua cotação.
O que esperar daqui para frente? Segundo Helena Veronese, economista-chefe da corretora B.Side, o mercado está no “auge do movimento de estresse”. Ela explica que, embora os dados dos Estados Unidos apontem para uma desaceleração controlada, ainda é necessário aguardar os próximos dados para avaliar se a economia está realmente caminhando para uma recessão ou apenas esfriando como esperado.
Veronese destaca a importância de manter a calma e esperar por novos indicadores econômicos antes de tirar conclusões precipitadas sobre a direção da economia global. O mercado financeiro seguirá atento às próximas movimentações, buscando sinais de estabilização ou aprofundamento da crise.