Argentina sob Milei: um grande experimento liberal

Desde que assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023, Javier Milei tem implementado uma agenda econômica radical, baseada em cortes drásticos nos gastos públicos, privatizações e desregulamentações. Seu governo busca reduzir o tamanho do Estado, controlar a inflação e estabilizar o câmbio, promovendo o que especialistas chamam de um “choque liberal” sem precedentes no país. Essas medidas já apresentam resultados, como o equilíbrio fiscal e a valorização do peso em termos reais, mas também trouxeram desafios sociais, como o aumento da pobreza e do desemprego.

Economistas comparam sua abordagem à da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, mas destacam que Milei vai além, promovendo mudanças estruturais na economia e na relação da sociedade com o Estado. Segundo a economista Elena Landau, o presidente argentino rompe com a dependência histórica do setor privado em relação ao governo, reduzindo subsídios e incentivando uma economia mais competitiva. No entanto, essa transformação tem um custo social alto no curto prazo, gerando insatisfação em parte da população.

O mercado financeiro reagiu positivamente às medidas, com a bolsa de valores argentina registrando alta e o país voltando a apresentar superávit fiscal após anos de déficit. A inflação, que chegou a quase 300% ao ano em 2024, caiu significativamente nos primeiros meses de 2025. Apesar disso, especialistas alertam para os riscos de uma valorização excessiva do câmbio, que pode prejudicar as exportações e dificultar o crescimento econômico sustentável no longo prazo.

Outro grande desafio para Milei é a política cambial. Seu governo pretende eliminar os controles sobre o câmbio e permitir a livre circulação de dólares no país, mas economistas alertam que isso pode gerar volatilidade e pressionar a inflação. A experiência da Argentina nos anos 1990, com a paridade entre o peso e o dólar, terminou em colapso econômico, e muitos temem que um cenário semelhante possa se repetir se as reformas não forem bem conduzidas.

Apesar dos desafios, Milei mantém um alto nível de popularidade, em parte devido ao cansaço da população com décadas de crise econômica e governos peronistas. Mesmo com o aumento da pobreza e do desemprego, muitos argentinos parecem dispostos a dar um voto de confiança ao presidente, acreditando que suas reformas podem gerar crescimento econômico a longo prazo. Sua capacidade de manter esse apoio popular será crucial para a continuidade de sua agenda.

O futuro da Argentina sob Milei ainda é incerto. Se sua política liberal tiver sucesso, o país poderá se tornar um exemplo para outras nações da América Latina. No entanto, se falhar, a Argentina poderá enfrentar uma nova crise econômica, o que poderia minar não apenas sua presidência, mas também a viabilidade de reformas liberais na região.

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